Aspectos Desportivos

 

Para além das outras vertentes já faladas, o Monte da Nossa Senhora da Graça em Mondim de Basto reúne várias características naturais, que permitem a prática de inúmeras modalidades, ou realização de grandes eventos desportivos.
Sem falar sobre o pedestrianismo, o montanhismo, os percursos temáticos, a orientação e outras actividades de ar livre, é de relembrar que, historicamente, foi o Targa Clube da cidade do Porto a primeira colectividade a explorar as potencialidades do Monte da Nossa Senhora da Graça.

Automobilismo
rampasAs primeiras "Rampas" da Senhora da Graça, provas automobilísticas de velocidade realizadas durante os anos setenta, rapidamente se afirmaram como um belíssimo cartaz nacional chamando os melhores pilotos do país e uma enorme multidão de espectadores seduzidos por uma pista espectacular e também por uma paisagem magnifica.
Infelizmente a constante degradação do piso da subida e a conjugação de vários factores nacionais determinaram o abandono daquela prova quando a sua afirmação se consolidava. Uma interrupção de vários anos se seguiu até que a Câmara Municipal de
Mondim de Basto lançou a magnífica obra de recuperação do trajecto, implantação do tapete e colocação dos rails de protecção.
Entretanto voltaram novamente, as provas de competição, sendo o Targa Clube, o Futebol Clube do Porto e o Clube Automóvel de Amarante os principais protagonistas da animação anual motorizada. Duas ou três Rampas anuais, a contar para o Campeonato Nacional de Montanha e outros Ralies, com destaque para o que conta para o Campeonato Nacional de Iniciados, marcaram o local nos últimos anos.

Ciclismo
Em relação ao ciclismo, a relação apaixonada das organizações com o idílico local nunca se interrompeu e, pelo contrário, fortaleceu-se e afirmou-se progressivamente.
Desde a primeira subida da Volta a Portugal em Bicicleta à Nossa Senhora da Graça, no início dos anos 80, que o Jornal de Noticias promovia àquela data, que esta etapa se tem realizado sucessivamente e se tem cotado como a etapa rainha da Volta a Portugal em Bicicleta, principal prova velocípedica nacional, ganhando estatuto de indispensável e ganhando contornos específicos, no folclore do ciclismo português. Na véspera da etapa, o monte da Sr.ª da Graça transforma-se num inimaginável vulcão de gente apetrechada e equipada para fazer a festa durante toda a noite.
Com grande destaque os canais de televisão dão cobertura à famosa subida e todos os jornais noticiam com grande relevo a realização da mais importante das jornadas da nossa Volta. Mondim de Basto tem neste dia a sua mais importante promoção e uma enorme divulgação.

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A "Volta a Portugal do Futuro" e também o "Grande Prémio Jornal de Noticias" tiveram aqui algumas das suas realizações.

Pedestrianismo
Percebendo a importância dos percursos como valioso património na percepção da história dos povos e do conhecimento da paisagem, o antiquíssimo caminho percorrido pelos romeiros foi alvo da atenção do Posto de Turismo e da Câmara Municipal que promoveram o seu levantamento, a limpeza, a sinalização e a interpretação e a edição de uma brochura histórica e descritiva em português, inglês e francês. Conforme o panfleto editado: "Este percurso pretende dar a conhecer um caminho muito antigo que ainda hoje é utilizado pelos peregrinos para chegar ao alto do Monte Farinha, local de grande devoção e de grande espiritualidade."

É um percurso de grande valor histórico-cultural, cujo traçado original em nadapercurso_pedestre1 foi alterado e que continua a ter o mesmo significado que teve no passado como caminho de peregrinação.
Desde que o antigo caminho foi recuperado, muitas organizações e amantes do pedestrianismo subiram ao monte acompanhados da brochura recentemente editada.
O PR1 Caminhos da Srª. da Graça é o primeiro de uma série de percursos pedestres que dão acesso ao alto do Monte Farinha, que se pretendem igualmente sinalizar.


Associações locais

Clube de Parapente de Basto - Asas da Senhora da Graça (http://www.parapentedebasto.com/index.php/pt/)
parapenteTambém o Parapente ganha aqui visibilidade. Local escolhido por alguns Clubes e Associações para a concretização das suas provas, por este local conservar praticamente todo o ano condições de voo. Nesta sequência surgiu em 1995 o "Clube de Parapente de Basto -Asas da Senhora da Graça". Os pilotos nacionais e estrangeiros são atraídos à Senhora da Graça não só pela sua beleza natural mas também pelo potencial do voo livre. O clube tem a sua sede instalada na subida da Senhora da Graça.

 

 

Associação Desportiva de Cicloturismo e BTT Sr.ª da Graça / Mondimbike (https://mondimbike.pt / Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)
Por outro lado o Cicloturismo, modalidade amadora em franca expansão, também já descobriu as inúmeras potencialidades e os encantos deste monte, havendo vários clubes do Porto, Vila Real, da Apelação (Sacavém), Fafe e de outros pontos do país a calendarizar jornadas anuais em Mondim de Basto.
Localmente foi criada a Associação Desportiva de Cicloturismo e BTT Senhora da Graça, que vem promovendo múltiplas realizações da especialidade. A associação foi fundada a 9 de Junho de 2006, por um grupo de amigos. Esta associação é responsável pela gestão do Centro BTT, instalado na antiga Casa Florestal de Sobreira, que presta todo o apoio à modalidade.

cicloturismo2 cicloturismo1 centro BTT

Moto Clube Senhora da Graça (https://b-m.facebook.com/motoclubesenhoradagraca/)

O Moto Clube Senhora da Graça foi fundado em 2006 com o objectivo de organizar e participar em eventos relacionados com motos e, por sua vez, contribuir para a promoção de Mondim, dando maior visibilidade ao concelho. O Motoclube Senhora da Graça realizou, recentemente, na Senhora da Graça, uma concentração com mais de 1000 motards, com missa e bênção dos capacetes.
Tem a sua sede instalada na subida da Senhora da Graça.

motoclube1 motoclube2


Concentrações
Os núcleos de Escuteiros, de caminheiros, de motards, de cicloturismo e outros, organizam semanalmente na Senhora da Graça encontros, provas e concentrações.
Há varias entidades que estão interessadas em desenvolver aqui a prática e competição de BTT.
Aqui se realizaram várias tentativas para serem batidos alguns recordes em andas por praticantes de Vila Nova de Gaia.
De destacar que a Câmara Municipal de Mondim de Basto possui um ambicioso projecto para a implantação de um enorme complexo desportivo numa das vertentes do monte.

Aspectos Etnográficos

Riquíssimo património oral versando a Senhora da Graça e o Monte ( lendas, quadras, contos, cantigas, orações e provérbios); a romaria de Santiago (já referida em 1500) foi sempre a maior explosão espontânea de folclore da região (Tunas, tocatas, ranchadas, estúrdias e cantadores ao desafio, subindo o monte toda a noite.)


Os romeiros de Santiago
romeiros1Diante das particularidades mais carismáticas da etnografia, iremos abordar a figura dos romeiros de Santiago, figura emblemática do nosso imaginário tradicional que, movidos pela fé, partiam de longe, de muito longe, para cumprir uma magnífica jornada de agradecimento, de súplica e louvor, à Senhora que, lá no alto, atendia as sua súplicas e orações, aos seus desejos e às sua aspirações. Vinham geralmente em bandos e em rusgas organizadas, animados pelas tocatas e pelo bucólico canto das mulheres de Basto, canto de marcar o ritmo da vindimas, das pisas no lagar, das malhadas do centeio, das arrancadas e das barrelas do linho, das desfolhadas nas eiras.


Nossa Senhora da Graça
Mandai varrer as areias
Que eu já rompi os sapatos
Não quero romper as meias


Chegavam de noite. Vinham descalços, com as mantas pelas costas, com as botas cardadas e romeiros2com os filhos "depindurados" nos ombros, muitos deles amortalhados, em sinal de agradecimento por qualquer cura milagrosa, com grandes cirios nas mãos, a cabacinha presa na correia de cabedal. Elas traziam gigas e cestas de vime à cabeça com o apetitoso merendeiro para os dias da romaria.
Paravam em Mondim para descansarem e para matarem a sede, para fazerem a festa cantando, dançando e dormindo ao relento à porta da Capela do Senhor, à porta das tavernas, no Largo do Prazo ou em qualquer cantinho acolhedor.

Se fores ao Santiago
Ao Santiago
Se fores não vás sozinha
Não vás sozinha
Não vás sozinha

Santiago não tem água
Ó Santiago
Tem vinho na cabacinha
Na cabacinha na cabacinha

Trailarai lai lai lai


De madrugada partiam para o Monte com uma cantiga na boca e a Senhora no coração no cumprimento de rituais ancestrais mantidos por tradição: pôr a mão nas "pegadinhas da burrinha de Nossa Senhora", insculturas rupestres gravadas nas rochas daquele monte, lavar a cara e beber na Fonte da Costa onde rezam as lendas que se erguia a capelinha de São Veríssimo. Bater com a cabeça na "Pedra Alta", menhir e pedra de culto caiada de branco onde ainda hoje se acendem fogos votivos à noite, rezar, e deixar um tostãozinho nas três capelinhas "dos Passos", parar e olhar com respeito e com admiração para o alto dos Palhaços onde habitavam os "mouros", onde se deram batalhas memoráveis, onde aparecem princesas encantadas e onde se escondem tesouros fabulosos em secretas minas que vão desaguar nas margens do rio, apertar as botas ou os socos na "Pedra de calçar", entrar no terreiro de chapéu na mão, beijar a fita da Senhora, cumprir todas as promessas feitas durante o ano, de pé, de rastos ou de joelhos, dar voltas ao santuário deitado num caixão transportado pelos parentes com a banda a acompanhar ou com tocatas organizadas incorporadas no cortejo.

peregrinos

Abriam-se depois os merendeiros e bebia-se daquela luz original. No regresso traziam como emblema e recordação um ramo de medronheiro e os medronhos enfeitando as orelhas, a estampa da Senhora na lapela ou na fita do chapéu, para serem identificados, como romeiros da Senhora. Por rotas e caminhos de antiguidade regressavam ao lar, cantando, dançando e fazendo a festa pelas localidades atravessadas.

medronheiro

Medronheiro da Senhora
Sempre com fruto e flor!
Que bela recordação
Pra levar ao meu amor

Nossa Senhora da Graça,
Que dais aos vossos romeiros
Que dais aos vossos romeiros


Graça e água das fontes
E fruto dos medronheiros
E fruto dos medronheiros

Medronheiro d'além d'água
Mal haja quem te cortou
Mal haja quem te cortou

Davas fruto, davas sombra
E ninguém te granjeou
E ninguém te granjeou


A antiquíssima romaria de Santiago funcionou sempre como receptor e emissor de folclore. Recebia as modinhas de varias proveniências e difundia essas mesmas modinhas para todas as direcções. Dizem os mais antigos que, parte das cantigas que ainda hoje se cantam por aí, foram trazidas pelos romeiros de Santiago.

andor


Nossa Senhora da Graça
Vinde abaixo dai-me a mão
Eu sou romeirinha nova
Abafo do coração

Nossa Senhora da Graça
Tem um galo no andor
Que canta à meia-noite
Louvado seja o Senhor

Nossa Senhora da Graça
Que dais a quem vos vai ver
Aos solteiros alegria
Aos casados bom viver

Nossa Senhora da Graça
Lá no alto de Mondim
Todo o mundo fala, fala
Ninguém olha para sim

No ventre da Virgem Mãe
Encarnou divina graça
Entrou e saiu por ela
Como o sol pela vidraça

Muitos outros aspectos estão intimamente ligados à devoção da Senhora do alto do monte, que sempre fez parte integrante da vida de todos quantos moravam na Região. O pagamento de promessas continua a ser a grande motivação que sensibiliza milhares de devotos anualmente. A vida dos mondinenses, a vida de todos os que nasceram a seus pés, nunca girou sem o apoio e a protecção da Virgem Mãe.

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Desde tempos muito antigos que se instalou o costume de quem partia para grandes distâncias, como por exemplo no tempo da emigração para o Brasil, subir à Senhora da Graça para se entregar à sua protecção e prometer, se regressasse são e salvo, que à Senhora voltaria a subir para pagar a graça recebida. A estampa da Senhora viajava, colada no interior dos baús, como referência, para matar saudades e para proteger quem partia. Por aqui passaram os que emigraram para Europa, os soldados mobilizados para a guerra do Ultramar, os estudantes universitários ou as mocinhas de servir que iam trabalhar para as grandes cidades.

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Nossa Senhora da Graça
Eu pró ano lá hei-de ir
Eu pró ano lá hei-de ir

Ou casada ou solteira
Ou mocinha de servir
Ou mocinha de servir


Há lendas que nos falam dos milagres operados por Nossa Senhora da Graça aos marinheiros. O culto da Senhora está, desde há séculos, radicado junto da classe piscatória portuguesa.
Os marinheiros da zona de Vila Nova de Gaia e da Afurada, locais onde se diz que se consegue ver o alto do monte, continuam a trazer, anualmente, pequenas réplicas dos seus barcos, o pão e o vinho para servirem o altar.

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Os novos tempos

A estrada que hoje dá acesso ao alto do monte ficou concluída em 1944 e foi alcatroada na década de 50. Os primeiros 1200 metros levaram três anos a romper e só passados 7 anos é que terminou. Até aí toda a gente ia e vinha a pé pelos caminhos, inclusivé as bandas que iam actuar nas romarias. Tudo era transportado à mão ou carregado em carros de bois.
Com a estrada pronta muito do tradicional se foi alterando. O acesso ao Alto do Monte passou a fazer-se através das motorizadas, dos automóveis e dos autocarros das empresas de camionagem, o que permitia à maioria dos romeiros virem no próprio dia não pernoitando por cá. Tal facto foi crucial para a alteração das tradições e prejudicou grandemente o Santiago em Mondim. A antiquíssima romaria de características ímpares, foi perdendo a tradição e ganhando costumes de modernidade.
noite_romeirosDepois de passados tantos anos, o povo parece querer voltar aos velhos tempos e trepar a pé até ao alto de Nossa Senhora da Graça. Já se vêem romeiros a chegar ao fim do dia, já se combinam horas da subida, merendas e encontros a realizar.

A noite de 24 de Julho, noite dos Romeiros de Santiago, que a Câmara Municipal instituiu na tentativa de recuperar a ancestral Romaria, revela-se, hoje, como o principal cartaz das Festas do Concelho de Mondim de Basto.

Exploração de Recursos Naturais

Pedreiras da Sr.ª da Graça

O nosso país é particularmente rico em recursos naturais para a indústria extractiva, cujo sub-sector mais representativo é o dos minerais não metálicos, com importância económica bastante relevante dado o alto valor de exportação. Os principais grupos de substâncias exploradas são os mármores, granitos, calcários, areias, argila, basalto, calcite, caulino, dolerito, gesso, saibro e seixo.
É evidente que se tratam de explorações directamente ligadas ao aproveitamento de um recurso natural que é escasso e cuja actividade causa impactes ambientais no entanto, os efeitos negativos permanecem em grande parte circunscritos ao local da extracção e não têm efeitos globais.
Embora seja vulgar ao nível do senso comum, é porventura injusto dizer-se que a actividade da indústria extractiva não obedece a qualquer código ou disciplina.
O que acontece é que o processo de licenciamento é pesado por via das exigências técnicas e moroso, por vezes devido ao torpor da máquina administrativa. Esta situação deu azo a que alguns operadores aproveitando alguns vazios legais, ou saturados com a tramitação do processo, tivessem arriscado a exploração de massas minerais na ilegalidade, beneficiando ao longo dos anos de alguma inércia fiscalizadora.
No entanto, ao longo dos últimos anos têm sido feitos esforços no sentido de legalizar esta actividade tão importante para a sócio-economia do concelho de Mondim. Em Fevereiro de 2005 foi realizado um inquérito aos empresários e funcionários do sector, que permitiu concluir que a exploração de granito se trata de uma das principais fontes de rendimento do concelho, isto é, cerca de 596 residentes e de 167 não residentes dependem desta actividade. O inquérito foi aplicado a 178 trabalhadores que residem em Mondim e a 47 que residem noutras localidades.
pedreiraAs pedreiras de Mondim de Basto exploram um granito vulgarmente designado por granito amarelo, devido à sua cor e é essencialmente utilizado na construção civil, nomeadamente: muros, brita, casas, igrejas, alvenaria, paralelos, microcubos e guias de passeios. Trata-se de um granito de 2 micas, de grão médio com esparsos megacristais. O granito explorado à superfície encontra-se já parcialmente alterado, devido às condições de pressão e temperatura a que foi sendo sujeito ao longo de vários anos. Em profundidade, o granito é mais "são", pois ainda não sofreu as alterações estruturais na sua composição. A sua cor é acinzentada e assemelha-se ao denominado "Granito de Vila Pouca".
Actualmente, existem 35 explorações de granito em funcionamento, sendo que cerca de 20 se localizam no Monte de Nossa Senhora da Graça.

Lendas da Nossa Senhora da Graça



Lenda da Moura encantada

De facto este é um monte que está rodeado de muitas lendas e de muitos mistérios. Diz uma delas que, numa enevoada manhã de S. João, um pequeno pastor que guardava o gado lá para as bandas dos Palhaços, viu uma enorme e estranha luz que quase o cegava completamente. Primeiro tentou fugir, mas como se a curiosidade fosse maior do que o medo, teve que olhar mais uma vez. Viu então uma linda e rica moura rodeada de tesouros, que o chamava irresistivelmente. - Vem cá! Leva todo o ouro que quiseres, mas não contes a ninguém e sobretudo não olhes para trás! O pequeno pastor assim o fez. Encheu o bornal e a coirada de ouro e partiu correndo pelo monte abaixo. Só que, a meio da descida, qualquer coisa mais forte do que ele o obrigou a olhar para trás e ver uma vez mais aquela luz maravilhosa. Depois de chegar a casa e ter contado o acontecido, abriu o bornal para mostrar o ouro aos familiares, mas o encanto tinha desaparecido: o ouro tinha-se transformado em escórias (rojões de ferro) e ainda hoje se encontram espalhadas pelo monte em grande quantidade, que o pequeno pastor deixou cair na sua corrida desenfreada para casa.


Lenda da Cinínia

Conta uma das lendas ligadas ao Monte que, durante a ocupação da Península Ibérica, no século II antes de Cristo, as legiões romanas comandadas pelo Cônsul Décio Juno Bruto chegaram, durante o Verão, até junto da cidade “Cinínia”, ou “Canínia” da tribo dos Tamecanos, famosa pela produção de ferro com que fabricavam as suas armas. Receando, talvez, a sua resistência, Décio Juno Bruto mandou emissários dizendo que se a cidade entregasse o seu ouro, não seria invadida pelas legiões. Os Tamecanos, do alto do Monte Farinha, onde se situava a famosa cidade responderam: - Os nossos avós não nos deixaram ouro para comprar a avidez de um general romano, mas deixaram-nos ferro com que nos defendêssemos dele. A cidade foi arrasada, mas a resposta ficou na história e na lenda. Esta lenda leva a crer que a primeira construção do Santuário tenha sido feita com as pedras das ruínas da cidade do Monte dos Palhaços. A Cinínia ou Canínia seria hoje a Caínha, lugar que pertence à freguesia de Mondim e que fica aos pés do Monte da Senhora da Graça.

Lenda dos pescadores

lenda_pescadoresDiz a lenda que, alguns pescadores que andavam perdidos no mar, teriam avistado no meio do temporal uma capelinha caiada no cocuruto dum monte distante e rezaram pela protecção daquela Senhora. Durante a noite, Nossa Senhora abandonou o seu altar, deixando o ermitão muito preocupado e foi salvar os pescadores. O zeloso guarda da montanha chegou mesmo a pensar que a teriam roubado. Ao outro dia quando voltou à capela, a imagem estava de novo no seu lugar, cheirando a sal e a mar e com o manto repleto de camarinhas. Mais tarde, os marinheiros vieram para agradecer o milagre e para presentearem Nossa Senhora com um barco de madeira, uma redoma de vidro e o ouro de um cordão. Ainda hoje, por devoção, muitos pescadores da nossa costa trazem ofertas a Nossa Senhora da Graça. Ainda hoje se canta:
Nossa Senhora da Graça
Tem uma redoma de vidro bis
Que lhe deu um marinheiro
Que se viu no mar perdido bis


Lenda da Pedra Alta

Diz a lenda que esta pedra se abriu para esconder Nossa Senhora quando era perseguida pelos romanos que queriam matar o Menino Jesus. De acordo com a tradição, quem visita a Senhora da Graça pela primeira vez e vai à Pedra Alta, será enganado pelos amigos que lhe pedem que lá encoste a cabeça para poder ouvir o mar. Depois, com uma pequena pancada obrigam-no a dar uma turra no granito e mesmo que não consiga ouvir o mar ficará a ver as estrelinhas certamente!


Lenda da serpente

Diz a lenda que quando a serpente se enroscar, três vezes, no monte de Nossa Senhora da Graça, o fim do mundo estará para chegar.


Lenda do raio de sol

Numa das vertentes do monte, na zona circundante do menhir da Pedra Alta morou um estranho personagem, conhecido como “O homem das Corujeiras”, a quem eram atribuídos misteriosos poderes. O nosso homem costumava deslocar-se à milenar Igreja de Atei para assistir à Missa dominical. Chegava, despia o capote e atirava com ele para um raio de luz que entrava por uma das frestas do granito. O capote ficava, milagrosamente, suspenso naquele raio de luz esplendoroso.


Lenda do ermitão

Diz a lenda que um ermitão de Nossa Senhora, com aura de santidade, foi assassinado, à traição, junto do menir da Pedra Alta. Está sepultado junto aos degraus da escadaria do santuário e ainda hoje se acendem velas, em sua memória, no local onde foi assassinado.

Nossa Senhora da Graça
Qu’é do vosso ermitão?
No lugar da Pedra Alta,
Lhe fizeram a traição.


Lenda da mina dos mouros

Diz a lenda que na vertente dos Palhaços virada para Vilar de Ferreiros existe a entrada de uma mina que corre oito quilómetros para sair, nas margens do Rio Tâmega, na Ribeira de Pedra Vedra, em frente ao calhau do “Furato”. Segundo a mesma lenda seria por lá que os mouros levariam os cavalos a beber ao rio. A referida mina estará repleta de tesouros, mas para conseguir lá entrar é necessário ler o Livro de São Cipriano ao contrário e picar a cauda da serpente que vela na entrada, com um alfinete de ouro. A serpente transformar-se-á, então, numa princesa encantada que vos dará todos os tesouros e, principalmente, um espectacular bezerro de ouro escondido no interior daquela famosa mina.